Família branca, empregados negros. Clichê que nos leva rapidamente a pensar estar diante de uma banal situação de desvalorização afro ou mesmo de preconceito. Mas nem sempre o q parece é. Muito provavelmente essa seja a frase que define Corra!( Get out), filme que nos conduz em pouco mais de 90 minutos, por uma história de terror e suspense psicológico.
O núcleo principal é composto pela comum família da jovem branca e rica, com pai, mãe e irmão que recebem o namorado negro da filha para um final de semana em sua casa de campo.
Logo nas primeiras cenas o clima de suspense já aparece e segue até metade do filme no qual é possível desconfiar de todas as personagens.
Ao longo do filme, técnicas de hipnose são usadas para revelar lembranças e trazer parte da história da personagem principal, Cris Washington, interpretado por Daniel Kacuuya.
A trilha e o efeito em câmera lenta com a troca de imagens reais e imaginárias se sobressai e traz na primeira meia hora a cena capa do filme.
Vozes sussurrantes, Entradas bruscas, cenas noturnas, e diversas outras técnicas são usadas para aumentar o suspense e fazer uma afiada crítica social.
Outro ponto que merece destaque é a atuação de Kaluuya e a construção de sua personagem, o fotógrafo negro, que mesmo sofrendo exposição diante da elite branca, como um objeto na vitrine, ainda assim busca minimizar as atitudes da família e amigos da namorada pra não parecer vitimado.
O final do longa traz a relação de um segredo sombrio que faz os negros parecerem apenas hospedeiros para os desejos de uma elite branca.
Em uma sequência curta, porém intensa, o filme chega ao final deixando no espectador um desejo pelo desenrolar de outros pontos da trama, como onde estariam ( e como ficam) os outros personagens negros ou mesmo a repercussão da descoberta na sociedade.
Corra além de ser uma grata surpresa na categoria “Melhor filme” do Oscar 2018, é daqueles que possuem suspense e terror na medida certa, uma bem colocada crítica ao racismo e que certamente merece continuação.