Para garantir 13 indicações o filme tinha que ser bom mesmo. E é.
Guillermo Del Toro investe 2h30 para nos levar ao universo fantástico de uma história de amor vivida nos anos 60, entre um homem anfíbio e Elisa (Sally Hawkins), a zeladora de um prédio de pesquisas do governo americano.
Os tons de azul e verde na fotografia ajudam a nos conduzir por esse universo aquático. Seria o mar, o oceano? Só sei que cria o cenário ideal para os espectadores mergulharem.
É bastante relevante dizer aqui que Elisa, muda, e seu amado não trocam uma palavra, apenas gesticulam, no máximo grunhem e ainda assim criam uma conexão que segura toda a história em uma relação que parece querer nos instigar a pensar qual laço nos une, que comunicação nos toca, o que nos faz ser igual ou diferente do outro.
O universo fantasioso e assustador, o odiavel sádico e um ser dócil e crente, característicos das tramas de Del Toro, estão presentes. A trilha clássica é outro destaque de A forma da água, tanto que Alexandre Desplat, já levou o prêmio de Melhor Trilha Para Filme, no 75º Globo de Ouro.
Quanto ao roteiro eu daria fácil um Oscar por toda aquela criação e pela direção também. Escrever e conduzir uma obra prima daquelas, em que mistura ficção cientifica, musical, drama e suspense é para poucos.
Poderia ser uma história sobre a Guerra Fria, espionagem, os russos ou mesmo sobre o avanço dos americanos na dominação de monstros, coisa que nosso diretor mexicano não deixaria a desejar, mas todos esses pontos servem apenas como um pano de fundo para o romance que ele preferiu contar.
O tom maniqueísta da narrativa fica por conta da atuação de Michael Shannon, na pele do personagem Strickland, o segurança da criatura.
Talvez não seja o melhor filme que vocr já assistiu, nem se torne o preferido da sua vida, mas com um pouquinho de atenção é possível perceber que estamos diante de uma obra da sétima arte.