Três anúncios para um crime (Three Billboards Outside Ebbing)

Três anúncios para um crime (Three Billboards Outside Ebbing)

O que você fez no pior dia da sua vida?
Três anúncios para um crime é um filme feito dos depois, do momento posterior ao grande golpe da vida, do dia seguinte, mas não espere ter relatos minuciosos sobre o que aconteceu antes. A cena do crime? Você não vai ter. Detalhes do crime? Também não.

O dia difícil de nossa personagem principal, Mildred Hayes, vivida por Frances MacDormand, veio depois que saber que a filha adolescente foi estuprada e morta em uma área nas proximidades do vilarejo de Ebbing, um drama se repete todos os dias por meses.

Existem várias maneiras de viver o luto, cultivar a vingança é uma delas e é isso que leva Mildred a colocar os três anúncios.

Logo nas primeiras cenas a atuação de MacDormand me ganhou. Sou fã do Clint Eastwood então foi fácil ver nela a dureza, frieza que já são tão características dos personagens de passado sofrido dele.

O papel da imprensa é novamente colocado em voga quando para ter um retorno da investigação sobre a morte da filha, ela precisa usar de recursos publicitários para ganhar visibilidade e chamar atenção da mídia para o caso, porque sabemos que a pressão social de um crime nos noticiários sempre surge efeitos melhores que quando eles passam despercebidos…

O roteiro brinca com o maniqueísmo, (anti) heroína, antagonista, todos eles mudam de lado dependendo da situação e claro, da nossa percepção e empatia como espectador.

O cinema como nenhuma outra arte, acredito eu, nos dá esse poder de empatia com o bandido, o ladrão, as classes marginais, aqueles que naturalmente no dia a dia condenamos.

Três anúncios de um crime nos dá essa sensação de sentir injustiça, raiva, a fúria da vingança e é Dixon quem nos coloca na situação de não sabermos ao certo se amamos ou odiamos.

Interpretado por Sam Rockwell (concorrente – e merecedor- ao Oscar de melhor ator coadjuvante) Ele está lá provar que ninguém é somente mal ou bom e que todo vilão também sabe ser mocinho.

O brilhantismo de Martin McDonagh nos trouxe uma história forte, narrada em 145 minutos, que comove e indigna.

O filme aborda questões como luto, racismo, poder da mídia, vingança, justiça com as próprias mãos, palavras mal(ditas), que com grandes atores em interpretações irretocáveis, ajudam o longa a não ser somente sobre vingança e agradar a crítica ao ponto de render sete indicações ao Oscar e ser o grande vencedor da 71ª edição do British Academy Film Awards, o BAFTA.

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