Eu sempre digo que não gosto de dar notas para filmes porque além de questões técnicas (que essas sim podem ser pontuadas) há questões como o envolvimento emocional, o gênero que mais te apetece, o momento da vida no qual você assiste….. e tudo isso me faz pensar que não vale a pena dar nota e te desempolgar com números baixos ou poucas estrelas.
Dito isto, quero contar minhas impressões sobre Chemical Hearts/A química que há entre nós, o mais recente romance da Amazon.
Acredito que ele era sobre pessoas quebradas que buscam se recompor. Sobre a saudade que se manifesta ainda maior nos braços dos outros. Sobre o reconhecimento da solitude como forma de cura.
Na trama os protagonistas Henry Page (Austin Abrams) e Grace Town (Lili Reinhart) vivenciam o último ano do ensino médio e atuam como editores do jornal da escola.
Com o tempo, Henry se apaixona pela jovem e discreta Grace sem saber do passado sofrido que ela guarda. É quando tenta ajudá-la a voltar a ser uma adolescente feliz que ele mesmo se descobre fragmentado e impotente, pois ela, por mais que tente, é incapaz de oferecer a ele o que deseja.
Lili Reinhart é sensível ao dar à Grace a força para continuar e as nuances de desespero de quem não sabe como ajeitar os estragos emocionais em si, misturados à responsabilidade afetiva que deve ter com o outro.
O filme mostra que o amor possui muitas reações químicas das quais não se pode fugir. Todo o drama é entrelaçado por narrações de um dos mais lindos poemas do poeta chileno Pablo Neruda: a dança.
Não te amo como se fosses uma rosa ou um topázio
Ou a flecha de cravos, que o fogo lança.
Amo-te como certas coisas escuras devem ser amadas,
Em segredo, entre a sombra e a alma.
Amo-te como a planta que não floresce e carrega,
Escondida dentro de si, a luz de todas as flores.
E, graças ao teu amor, escura no meu corpo
Vive a densa fragrância que cresce da terra.
Amo-te sem saber como ou quando ou de onde.
Amo-te tal como és, sem complexos nem orgulhos.
Amo-te assim porque não sei outro caminho além deste
Onde não existo eu nem tu.
Tão perto que a tua mão no meu peito é a minha mão.
Tão perto que, quando fechas os olhos, adormeço.
O melhor do filme é o filme certeiro de quem começou como uma paixão pueril e pelas situações vividas ganha os contornos de uma lembrança bonita e madura, fazendo a relação se perpetuar.