Eu fiquei empolgada com essa séria como já fazia tempo que nenhuma me deixava.
A série me lembrou uma frase do filósofo Edgar Morin, ele dizia que o cinema, por meio dos seus personagens é capaz de nos colocar em situações que jamais vivenciamos e a partir daí nos dar novas visões e gerar empatia pelo outro. É exatamente isso que o roterista Oriol Paulo nos faz sentir.
Mas ainda algo mais que me lembra Morin, é a sua teoria de complexidade na qual não é possível entender o todo sem as partes. A produção é um emaranhado de histórias cruzadas que formam uma teia obscura na qual eu e você, caro telespectador, não conseguimos escolher um lado e ficamos a todo instante nos colocando dentro da situação para poder entender um pouco das decisões que levaram cada um a estar no ponto em que estão, nós vamos por partes, a cada episódio mergulhando um pouco mais em cada personagem.

Comecei a assistir O inocente por ver o Mateo Vidal (Mario Casas) na capa. Só depois de vários episódios percebi que o roteiro tinha uma trama tão boa que ele era o fio condutor para labirintos muito, mas muito mais sombrios.
A série espanhola tem vários pontos que me ganharam. Ela é dirigida pelo Oriol Paulo, dos filmes “Um Contratempo” e “Durante a Tormenta”, ambos espanhóis e disponíveis na Netflix.
Por aqui você já deve saber o que vai encontrar: suspense, emoção, mulheres fortes, linhas temporais, muitos flashbacks, histórias cruzadas e claro, aquele roteiro mirabolante, trágico, intenso e cheio de personagens multifacetados que nos permitem ficar com aquelas expressões de “ohh”, no final.
A cada novo episódio nós ganhamos de brinde uma narração da história de um dos personagens, a de Mateo, claro, é a que nos apresenta a série e chega em primeira pessoa.

Agora deixa eu te contar a sinopse da forma mais simples possível:
O Mateo é um estudante de Direto que vai na festa de formatura com o irmão e ao tentar apartar uma briga, acaba acidentalmente matando Daniel (Eudald Font) e por isso é condenado a cumprir pena de quatro anos na prisão por homicídio culposo.
Passam-se nove anos depois, ele já está fora da prisão, tem seu próprio escritório e a mulher da vida dele, Olivia Costa (Aura Garrido), está grávida. Ela precisa viajar para Berlim para resolver questões do trabalho. Enquanto está lá, Mateo recebe uma estranha ligação. É aí que tudo começa.
Nos demais episódios vamos descobrindo o quão imbricado essa história é. Seguimos os passos da inspetora Lorena Ortiz (Alexandra Jiménez), uma dedicada e estilosa policial que começa a desvendar os estranhos acontecimentos que estão ligados ao casal. Há pontos soltos? Sim. Não temos o passado da nossa freira, irmã Irene, não sabemos quem mais estava nas fitas, a relação de Teo Aguilar com a inspetora Pietro…Mas se tornam menores se analisada a obra toda.

São oito episódios. No primeiro você não imagina o que vem no segundo, no terceiro você até desconfia, mas a cada novos 50 minutos você mergulha na história de um personagem, enquanto a narrativa se desenrola no presente, há vários flashes, episódios quase inteiros sobre o passado de cada um, relembramos seus medos, traumas, sonhos e as decisões que os conduziram o presente.
O Inocente é um suspense cativante, emociona, faz pensar e te coloca vários lados de uma mesma moeda e te faz pensar que existem sempre um jeito de ver a vida, de recomeçar, renascer…ou não. Já que você chegou até aqui, sugiro que veja para decidir o que escolheria no lugar de cada um. DEPOIS me dizer se gostou ou não da série.
Por aqui está aprovada!