
Existem filmes dos quais você não espera muita coisa. Esse foi assim. Pensei que seria aquele musical chato e longo que eu veria só para comparar com a versão de 1961. Mas a vida surpreende, meus caros.
O Romeu e Julieta moderno conta a história da rivalidade entre as gangues Jets e Sharks e do amor juvenil de Tony (Ansel Elgort) e Maria (Rachel Zegler), na cidade de Nova Iorque, na década de 1950.

A recriação do musical, que em 1961 arrastou dez estatuetas do Oscar, conta com a participação de Rita Moreno (!!) e já possui 11 indicações ao Critics Choice Awards – que acontece dia 9 de janeiro, e ao Globo de Ouro 2022.

Mas é Ariana DeBose, intérprete de Anita, que ganha a cena. Ela canta, dança e interpreta um dos números mais famosos do longa: America. Curiosamente, esse mesmo papel, na época vivido por Rita Moreno, deu a ela o Oscar de atriz coadjuvante por sua interpretação – a primeira versão pode ser vista no streaming do Telecine.

Mas vamos ao filme…
Eu acho que meu coração foi ganho na cena em que Maria e Tony trocam os primeiros olhares. A sensação é de que o mundo para e somos transportados para um lugar em que só os dois existem e toda a dança é um pano de fundo que se distancia. A minha empatia com o casal e com o filme nasceu ali, no meio daquele colorido jogo de luzes.
Se alguns pontos podem ser há menos romantismo que na primeira versão, como a clássica cena que acontece na varanda, agora é realizada em um subúrbio mais sujo, em outros continua igual ao exaltar o ‘American way of life’ e o sonho de viver na ‘Big Apple’.
As letras mostram que homens e mulheres possuem visões diferentes da vida na cidade, enquanto elas se mostram encantadas com as novas possibilidades e glamour, eles parecem não gostar da vida que levam.

Vale lembrar que o filme retrata uma época em que latinos ainda lutavam para se estabelecerem na sonhada América (do Norte), o que não é algo diferente do que vemos hoje.
Entre as belas canções com letras que mostram a visão e sentimentos dos personagens e as coreografias bem marcadas, o longa aborda questões sociais, luta por território e principalmente, xenofobia.
Outro ponto alto é o encaixe da canção, das cenas e da mistura de expectativas que precede o grande duelo do longa. Que montagem!!

Amor, sublime amor é um filme arrebatador, ingênuo e apaixonante.
Spielberg nem prometeu, mas cumpriu. Entregou um filmão que faz rir, pensar e chorar. Vc deveria assistir, está nos cinemas.