
Já aconteceu de você achar que algo não precisava de ajuste alguém e aí alguém foi lá, mexeu e te provou que poderia sim ficar melhor? Comigo já e posso dizer que aconteceu novamente ao ver Batman (2022).
Eu fui sem esperar muito, até que no sábado desembarquei em Gotham, a uma cidade mais corrupta do mundo, onde o sol nunca chega.

Os primeiros minutos
Os primeiros 15 minutos roubam nossa atenção. A narração busca situar o espectador nos acontecimentos dos últimos dois anos e mostrar como Batman (Robert Pattinson) se vê: solitário, vingativo, cansado, um animal noturno que se confunde com as sombras.
É nesse período que, ao som de Something The Way (Nirvana), passeamos pela Gotham gótica, escura e melancólica.
Ao final, temos a primeira cena de Bruce – que não coopera para tirar a imagem de vampiro de Pattinson. Ao voltar para sua mansão ele está abatido, com os cabelos sobre o rosto, maquiagem escura no rosto em sua batcaverna, mas logo isso muda.

A história
A partir daí os quebra-cabeças do Charada (Paul Dano) são o grande fio condutor da história. Não necessariamente inteligentes para nos manter presos, mas suficientemente bons para gerar novas situações interessantes.
Continuamos vendo a cidade cercada por pessoas corruptas. Policiais, promotores, prefeitos e governadores constroem uma rede de suborno, lavagem de dinheiro e contrabando do qual Pinguim (Colin Farrell) faz parte, um grupo contra o qual Charada se levanta contra e busca levar aos holofotes.

Batman e o delegado Gordon seguem as pistas, correm contra o tempo, mas não conseguem evitar o pior. Diante dessa teia de acontecimentos, ele encontra a mulher-gato (Zoe Kravitz) que parece precisar repetir que pode se cuidar sozinha para exaltar sua independência. Um dos maiores ganhos dessa versão foi a diminuição da sensualidade do personagem, aumentar sua vulnerabilidade, não forçar a presença de gatos e a falta louvável de cenas sexy em postura de… gato.

Em uma das sequências mais agitadas do longa, abre-se espaço para a interação entre Batman e Pinguim em uma perseguição com batmóvel e o espectador ganha uma cena em contra-plongée que exalta a força e poder do herói da DC.
The Batman é um filme longo que entrega uma história que parece apertar os parafusos que nem sabíamos que podiam ser colocados. O roteiro de Matt Reeves e Peter Craig não traz um Wayne desfilando ternos, sendo cobiçado por várias mulheres, expondo seu dinheiro e tecnologia do carro, seus músculos ou em lutas com seus inimigos, mas aposta em um Batman mais maduro, introvertido e vingativo.

Nas mãos de Alfred (Andy Serkis), repousa a confirmação da ‘verdadeira história de Bruce Wayne’ e na última meia hora de filme, Bruce/Batman reavalia sua percepção da vida, abandona o sentimento vazio de vingança e escolhe se tornar a esperança de Gotham, ele faz isso diante de atos de heroísmo e explícita em uma curta narração mostra a transformação e abre o caminho para o futuro do herói.
Sobre Robert Wayne Pattinson
Embora a armadura apresente um Batman muito maior e forte do que realmente parece como Bruce, Pattinson em nada destoa de demais atuações, segue bem o roteiro proposto e traz verdade à sua versão do homem-morcego.
Devo dizer que em algumas cenas, como na primeira em que se veste com terno para um evento, é quase o mesmo jovem que vemos em Cosmópolis (2012), apenas mais sombrio que depressivo.
Talvez o excesso de dúvidas em relação a sua atuação tenha vindo a partir das memórias construídas por seu personagem Edward Cullen na saga Crepúsculo, mas como não vi, nunca depositei o peso do longa nos seus ombros.
Enfim, neste primeiro final de semana de lançamento, com mais de $128 milhões de dólares arrecadados, #TheBatman já é considerada a segunda maior abertura dos cinemas desde 2019, o que prova a boa recepção de crítica e público ao filme, roteiro e claro, ao Pattinson.