Há alguns dias assisti a essa produção brasileira que critica a postura feminina religiosa e opressiva.
Embora as críticas ao comportamento feminino estejam sempre sob holofotes, quando ele vem das próprias mulheres e se baseiam em preceitos religiosos, isso se torna mais difícil de ser enfrentado e combatido.
A diretora e roteirista Anita Rocha da Silveira faz uso do mito da Medusa, da mitologia grega, uma mulher com aparência feia, triste e solitária, incapaz de ser amada, aliado a isso, tem os excessos de devotos cristãos para explicar como profundas crenças cegam e transformam as pessoas.

Um filme que critica a religiosidade e faz um retrato caricato das mulheres na busca por alcançar a perfeição visual e do comportamento.
Marina (Mari Oliveira), a protagonista, é uma moça jovem, religiosa e que se esforça para manter a castidade e os bons pensamentos. Junto às demais garotas da mesma igreja, elas compartilham o que deve ser o comportamento adequado e também expõem aquele que é inaceitável.
Há momentos que são cômicos, como os ensaios do grupo “Preciosas de Cristo” ou os tutoriais no qual Michele (Lara Tremouroux) resolve ensinar a fazer uma “selfie cristã”.

Em determinado momento, o fervor evangélico dá margem a uma insanidade que as faz atacar e agredir durante à noite mulheres as quais consideram com comportamentos pecaminosos. Até que Marina deixa de lado sua doutrina e começa a ter pensamentos maliciosos.

Com um elenco que reúne Thiago Fragoso e Bruna Linsmeyer, Medusa é o retrato de uma sociedade adoecida pela religiosidade, e que infelizmente, está longe de ser uma distopia, visto que a criação de um mito de mulher perfeita acaba gerando mecanismos, ainda que velados, de controle das que estão fora dos padrões considerados ideais, independente do país e do tempo.