Tudo bem ano que vem é um filme de Robert Mulligan, de 1978, que está disponível na Netflix.
Doris (Ellen Burstyn) e George (Alan Alda) se conhecem e se apaixonam logo após passar a primeira noite juntos. A primeira sequencia é toda de olhares, as palavras vem só depois que os dois acordam no dia seguinte.
Duas pessoas decentes e honestas mas com casamento e seis filhos os separando. Ela está na cidade para um retiro espiritual anual, ele para um encontro de negócios com seu primeiro cliente da área de vinhos, desse encontro segue-se uma paixão por 25 anos.
O destaque vai para a trilha e para a transição de tempo feita a cada cinco anos (1951, 1956, 1961, 1966, 1971, 1976) cheia de fotos em preto e branco com os principais acontecimentos da época.
Todo o filme é feito nesses encontros, o que sabemos de seus pares românticos e famílias fora daquele quarto são apenas aquilo que eles contam um para o outro enquanto estão juntos. George é mais pesado, vive entre a culpa é a paixão, cheio de dilemas, pensa em abandonar várias vezes a amante, mas não consegue. Dóris é mais despojada, tem suas preocupações menos evidentes.
À medida que o tempo passa percebemos como o amadurecimento e a evolução do contexto social do mundo implicam no relacionamento dos dois que se veem apenas um final de semana por ano, sem telefonemas ou cartas.
No decorrer do relacionamento vemos de um jeito um tanto exagerado e caricato um pouco dos personagens e também um pouco de nós, dos nossos parentes, do que somos e seremos. Dóris começa como um dona de casa católica, sem ensino completo, passa a pelo estágio de leitora e mulher opinativa, vai para a faculdade e se torna hippie, militante feminista, partidária, depois empresária de sucesso, se submete a cirurgias para rejuvenescimento, enquanto George vai de empresário de sucesso, a pianista amador, de progressista liberal para extremo conservador, depois segue para um caminho de altruísmo e terapias de grupo, pacato.
A música ‘Samba de Verão’ do compositor Marcos Valle faz parte da trilha do filme ao lado de “The Last Time I Felt Like This” escrita por Marvin Hamlisch.