“todo amor possui algumas gotas de sangue”, é essa forte premissa que norteia o filme Beleza Avassaladora, e que é confirmada com louvor pela narrativa de quase duas horas.
O filme indiano, dirigido pelo Vinil Mathew, é um romance, mas também se encaixa em suspense e nos dá várias facetas, bem exploradas, do amor, ódio, medo, perdão. No filme, Rani (Taapsee Pannu) é suspeita de ter assassinado o próprio marido Rishu (Virkant Massey) e é durante a investigação, quando está sendo interrogada pelo delegado que ela vai contando e os detalhes do seu casamento vão sendo revelados.
Rani é a nossa Capitu. Olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Entenda isso. Ela é bonita, expressiva, com olhares ambíguos e sentimentos misteriosos.

Dito isso, posso afirmar que quem assiste à primeira meia hora do filme tem dificuldade em imaginar o final (e até em continuar, como eu), mas esses minutos são importantes para entendermos a construção do romance e a trajetória dos personagens, porque é assim que soam reais e aceitáveis as mudanças ocorridas com a Rani e o Rishu, que de tanto se transformarem, nos entregam empolgantes reviravoltas.
A história é narrada. Você já assistiu ‘Quem quer ser um milionário?’, se já viu está um passo à frente. É dessa forma, não há investigação minuciosa, depoimentos longos de demais familiares, busca por corpo, temos apenas Rani contando sua versão da história e muitos flashbacks para que o espectador acompanhe e tire suas próprias conclusões.

Você terá o passo a passo do crime, saberá como ocorreu a explosão e se a protagonista é ou não a responsável, mas a essa altura já terá percebido que o filme não busca responder a essa pergunta. Vinil Mathew parece mais interessado em mostrar uma vida conjugal em pedaços, clamar pela força do amor e mostrar a cara do ódio. É uma trama cheia de lições sobre a vida, as escolhas e suas consequências.
Vez ou outra um filme nos surpreende. Nos ajuda a ver a mesma coisa com um olhar diferente. Transforma nosso modo de pensar. E eu saí repensando o amor, o que quero, o que ofereço, o que sou capaz, os limites e entendendo que talvez o coração do homem.