
Já faz tempo que quero escrever sobre esse filme, mas faz tempo que não escrevo sobre nada pra cá.
Miso está na casa dos 30 anos, quando jovem era animada e cheia de amigos, mas agora ganha pouco, tem um emprego de doméstica que dá para pagar o aluguel, comprar doses de whisk e cigarro, suas grandes e caras paixões, levando em conta o limitado salário.
O fato é o aumento do cigarro é só o começo, sobe também o preço do aluguel e Miso se vê obrigada a ir contando pequenos prazeres e até mesmo sua medicação diária, para sobreviver.

Ela fica entre abrir mão do prazer para pagar o aluguel ou passar temporadas na casa de amigos enquanto mantém seus gostos. Miso escolhe o segundo.
É interessante ver a relação agridoce ao tentar se reconectar com seus amigos, o tratamento que recebe deles e o inusitado presente que sempre leva para casa um: uma cartela de ovos.
Se por um lado ela pesa para os amigos, por outro, demonstra que as relações são superficiais já que cada um seguiu seu caminho.

É um filme primoroso, cheio de camadas que mostram inflação, controle do governo, crescimento pessoal e os diferentes caminhos que tomamos e pessoas que nos tornamos.
O longa dirigido pela sul-coreana, Jeon Go-Woon, é de longe um dos melhores que já vi esse ano e um dos dramas mais realistas (e pessimistas) sobre a vida não apenas na Coreia, mas em todos lugares do mundo onde a inflação assola os sonhos e diminui a qualidade de vida continuamente.